quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Bullying é maior entre Mulheres no Ambiente de Trabalho

Muito tem se falado em bullying atualmente e também de suas consequências, tema recorrente em salas de aula e nas escolas o bullying é um termo de origem inglesa utilizado para definir tiranização e ameaça ou seja, é uma afirmação de poder através de agressão, feito de forma intencional e repetitiva, causando dor e angustia à vítima que normalmente acaba tendo sua autoestima rebaixada, e sente-se cada vez mais fragilizada para reagir aos ataques.

Esta não é uma prática recorrente somente entre crianças, adolescentes e jovens. O bullying está inserido em diversos aspectos da vida das pessoas, inclusive dentro do âmbito profissional. 

Uma pesquisa realizada pela empresa norte-americana Workplace Bullying Institute aponta que a prática do bullying tem crescido entre as mulheres no ambiente de trabalho. Segundo este mesmo estudo, são 50,2% das mulheres contra 44,7% dos homens que realizam este tipo de agressão.

O bullying feminino, no entanto, é realizado de forma mais sutil, através de fofocas, maledicências, exclusão ou apelidos maldosos, isto porque as mulheres não foram educadas culturalmente para entrar em conflito aberto com os outros, mas que devem reprimir sua raiva ou no máximo expressá-la de forma sutil, indireta e dissimulada, deixando assim grande parte do comportamento agressivo feminino, encoberto e na clandestinidade.

Outro fator a ser considerado é o fato de que as mulheres são educadas para cultivar a imagem de que são perfeitas o tempo todo, algo física e emocionalmente impossível. Dificilmente uma mulher assume que já praticou bullying de forma aberta, isto porque temem ser vistas como erradas, de caráter duvidoso ou como pessoas más. Existe o mito de que a mulher deve preservar uma imagem doce e de acolhimento, e assim não pode expressar raiva de forma direta, pois isto é considerado errado e imoral. 

Rachel Simmons, em seu livro Garota fora do jogo (Editora Rocco) acredita que não devemos tomar isto como uma generalização excessiva porque existem homens que também se comportam de maneira semelhante, mas parece que as mulheres são menos inclinadas à agressão física e acabam empregando formas sutis, indiretas e relacionais de agressão, ou seja: utilizam seus relacionamentos e influência como uma arma para conseguirem o que desejam, atacando pessoas mais vulneráveis e que dificilmente revidarão a agressão. 

Em relação a vitima de bullying, os efeitos psicológicos são devastadores, pois este tipo de comportamento, afeta diretamente a autoestima e confiança em si mesma e em outras mulheres. 

É um erro ignorar o bullying feminino, acreditando que a pessoa está levando as coisas muito a sério e que isto é apenas uma brincadeira, uma fase ou que a outra pessoa está com inveja e que “mulher é assim mesmo”. 

O bullying é uma agressão social e psicológica que merece conscientização coletiva, pois este tipo de comportamento é uma forma de ataque mais sofisticado e merece a mesma atenção que agressões convencionais.

Os efeitos psicológicos do bullying feminino:

Culpa – Após um período de exposição a comentários, chacotas, apelidos maldosos ou exclusão social a mulher pode começar a acreditar que as maledicências e exclusão podem ter um fundo de verdade e que provavelmente deu algum tipo de motivo para que tudo isso ocorresse e assim acaba se culpando pelo comportamento de outras pessoas, acreditando ser merecedora de tudo o que está acontecendo, fortalecendo ainda mais o bullying contra si mesma. 

Autoestima rebaixada – Ao ser exposta a comentários negativos a seu respeito, acaba sendo afetada psicologicamente de forma profunda, provocando o rebaixamento de sua autoestima podendo se isolar, achar que existe algo de errado com ela mesma ou se sentir a pior pessoa do mundo podendo neste caso até mesmo entrar em depressão. 

Sentimento de inadequação – Vitimas de bullying normalmente se sentem inadequadas, como se estivessem sempre no lugar errado e na hora errada, acreditam estarem deslocadas, isolando-se ainda mais do grupo, acreditam que desta forma talvez poderão estar mais protegidas e ao mesmo tempo sentem-se como se fossem rejeitadas, excluídas e não pertencentes ao grupo que participam.

Insegurança – Agressões psicológicas afetam diretamente a forma como nos relacionamos socialmente, o bullying neste caso pode ter consequências em todos os aspectos da vida de uma pessoa, desde relacionamentos amorosos até decisões financeiras. Outro fator observado é que mulheres que sofreram bullying além de se mostrarem mais inseguras, ainda sentem insegurança para confiar em outras mulheres no futuro. 

Se uma mulher agride outra fisicamente isto é considerado um problema, mas se uma mulher destrói outra psicologicamente ao longo de um período de meses isto é apenas considerado “coisa de mulher”. É preciso refletir sobre este tema saber que agressões deste tipo podem ser tão ou até mesmo mais devastadoras que agressões físicas.

Gisele Meter é empresária e diretora executiva de Recursos Humanos, atua com gestão estratégica de pessoas, psicóloga, escreve sobre comportamento organizacional e liderança feminina. Palestrante e coach de mulheres.